sábado, 2 de maio de 2009

Rosa

A rosa para mim nao eh uma mera flor
Nem um simples nome, eh um simbolo,
Que eu me contentaria em adotar
Como sendo so meu,
Mesmo nao compreendendo sua iconografia,
Nao entendendo a matematica da sua forma.

Represento-a em papel, ou por escrito,
Associo seu significado a varias outras memorias
E literaturas,
Tanto que me sinto no direito de usurpar seu nome,
De esmiucar que significado a significante traz pra si.
Como se filosofia superasse a vida.

Fotografei suas petalas mais de uma vez,
Para captar a poetica do instante vivido e perdido,
Atraves da flor despedacada.
A matiz vermelha era a devocao ao objeto,
A sombra palida era o perigo constante,
E o branco ao redor era o nada
Ou a indefinicao, que nos cerca.

As petalas mantiveram a aura da flor.
Porque uma rosa eh uma rosa,
E mesmo que eu mostrasse so os espinhos dela,
Nao poderiam dizer que era um fio de arame farpado,
Nem poderiam confundi-la com um cravo...
E nenhuma flor eh feita para ser tocada,
Pois o esplendor eh tao efemero como o olhar
E perdura menos que nosso interesse.

A guardadora de livros

Eu nunca deixei de guardar livros.
Se nao os guardo na estante,
Guardo-os na cabeca.
Nao a historia toda,
So seu significado.
Decor, nao sei sequer uma frase.
So se for do meu livro preferido;
A primeira e a ultima frase
Sao como que minhas.

Lembro-me das coisas,
Guardo-as pelo o que elas sao,
Nao por serem reliquias do passado.
Nao por seu valor em ouro,
Nem por temer sua falta.
Uso-as, se me tem utilidade.
Tenho pra mim que o maior
Se nao unico tesouro que possuo
Eh minha prolificidade.
Porque com isso
Produzo meu pequeno mundo
De coisas afins
Que me fazem ser quem sou,
Ja que a vontade de ser outra pessoa me abandona
A cada dia.
Pode fazer-me menor, a inflexibilidade,
Mais dura,
Mas nao falsa.
Nem prejudicada.
Preponderante talvez, mas
Nunca dominada pela insensatez.
Disso, tenham certeza!
Com conviccoes e otimismo,
Por favor, que me cultivem.