terça-feira, 27 de outubro de 2009

Ideias




Uma ideia nasce como um tumor
Que nao se sabe se eh maligno ou benigno.
Mas eh possivel perceber o crescimento de uma ideia
Antes mesmo que se veja a chapa de raio-X.
Como se fosse possivel olhar direto atraves do corpo
Para dentro da alma.
Na verdade, a ideia surge quando lhe convem.
Ninguem a extrai a forca,
Simplesmente fica-se `a sua espera.
Quando ela chega maturada
Eh como a visita de algum convidado
Muito querido,
Que nao tem pressa de ir embora.

Nesse infinito sondar de possibilidades
Nao se pode ater-se somente a uma possibilidade
E discartar outras fora.
No entanto, a busca eh sempre pela maturidade
Escalando no sentido ascendente
Rumo `aquilo que vem a ser
O que esta mais proximo da inspiracao original,
Mas que precisa ser racionalizado.
Para isso usa-se de sensibilidade,
Para que se possa expressar o inexpressivel,
Para que se consiga ver alem
Do que o olhar filtra.
Para que se consiga por em pratica
O que a mente idealiza.

A persistencia eh indispensavel no processo da criacao.
Sem isso, ideias nao se concretizam.

O olhar poetico


Eh como estar-se apaixonado constantemente
Nao so pelo amante
Mas por tudo que ha ao redor
Que nos causa uma sensacao poetica
Ou provoca um questionamento
Tudo o que nos indigna,
Ou que nos atrai.
Eh conectar os fatos
As semelhancas
Reunir dados inusitados
Parafrasear coisas ja ditas sob uma nova otica
Enfim, entrar num torpor de sonho
Em que ha poesia nas coisas mais corriqueiras
Eh olhar com olhos que modificam
Ler os significados intrinsecos
Buscar o instante de suspensao poetica.